Em agosto de 1822, na cidade de São Paulo, dom Pedro I, o primeiro imperador do Brasil, iniciara relacionamento extraconjugal que duraria sete anos com Domitila de Castro, futura marquesa de Santos. No começo de 1823, Domitila mudara-se de São Paulo para a corte, no Rio de Janeiro, onde vivia sob a proteção do imperador, que, nesta carta, mostra a intensidade de sua paixão.

Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1827

Filha,

Muitas cartas tenho eu rece­bido tuas que me têm escandalizado pela tua pouca reflexão a escrevê-las, mas nenhuma tanto como a de hoje, em que me dizes que nossos amores são reputados por ti como “amores passageiros”. Se teus amores para comigo são assim, é porque tua amizade para comigo te não borbulha no […]

Viúvo da imperatriz Leopoldina desde 1826, dom Pedro I continuava seu romance com Domitila de Castro, a marquesa de Santos, que se mudara de São Paulo para a corte, no Rio de Janeiro. Neste ano de 1827, enquanto o governo brasileiro negociava novo casamento para o imperador, ele combinava com a amante maneiras seguras de encontrá-la.

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1827

Minha querida filha e amiga do coração,

Fala-se pela cidade que eu vou à tua casa, assim o foram dizer ao barão de Mareschal,[1] que mo deu a entender e eu fiz um desen­tendido, falando-lhe muito no casamento, em meu sogro etc. Como poderão por eu não ir hoje à ópera querer tirar […]