A primeira viagem de Mário de Andrade ao Rio de Janeiro foi no Carnaval de 1923. Na cidade, ele aproveitaria apenas dois dias, se recolhendo, depois, na tranquila Petrópolis, onde combinara de encontrar Manuel Bandeira. Se, nos primeiros dez minutos, a festa de Momo causaria um “choque terrível” ao poeta paulista, logo esqueceria todos os compromissos firmados tanto com parentes quanto com o próprio Bandeira, e Mário se refestelaria na folia durante todos os dias. A “aventura curiosíssima” na cidade foi registrada em verso no poema “Carnaval carioca”, publicado em 1927.

[São Paulo, fevereiro de 1923]

Querido Manuel,

Não me condenes antes que me explique.

Depois perdoarás.

Foi assim. Desde que cheguei ao Rio disse aos amigos: dois dias de carnaval serão meus. Quero estar livre e só. Para gozar e observar. Na segunda-feira, passarei o dia com Manuel, em Petrópolis.  Voltarei à noite para ver […]

Apelos não faltaram da parte de madre Maria José de Jesus para que seu pai, o historiador Capistrano de Abreu, se convertesse ao catolicismo. Tampouco precisou de mais humildade, pois a tinha de sobra, para implorar o perdão do pai, que nunca aceitaria a escolha da filha, como mostra esta carta escrita dez anos depois que ela fez os votos de carmelita descalça no Convento de Santa Teresa.

Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1922

Meu pai muito querido,

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Foi hoje, há onze anos, que pela última vez lhe beijei as mãos pedindo-lhe perdão dos inumeráveis desgostos que lhe dei com minhas faltas. Foi hoje: grande dia! Dia do triunfo da graça, da manifestação da Onipotência e da Misericórdia de Deus. Creia, meu pai, […]