Lygia Fagundes Telles cursava ainda a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco quando começou a trabalhar como assistente do Departamento Agrícola do Estado de São Paulo. Embora estudasse para ser advogada, como o pai, aos 20 anos estava certa de que sua vocação era a literatura. Esta carta, escrita para Erico Verissimo, de quem era amiga, testemunha a insatisfação com o cargo público e a criação improvisada de um pequeno e delicioso conto.

São Paulo, 3 de julho de 1943

Erico Verissimo, estou numa sala onde trabalho, isto é, onde devo deixar todos os dias num livro, fincado como um marco, o vestígio da minha passagem. Em outros termos, funcionária pública, a pior funcionária pública que existe no mundo. Leio romances enfurnados na gaveta, tenho o ar dolorido para que não me deem serviço e, […]

Monteiro Lobato casou-se com Maria Pureza da Natividade, que ele chamava de Purezinha, em 28 de março de 1908 e com ela teve quatro filhos: Marta, Edgar, Guilherme e Rute. Os dois filhos homens morreram ainda na juventude, como mostra esta carta escrita depois da morte do segundo.

São Paulo, 20 de fevereiro de 1943

Rangel,

Pois é. Perdi o meu segundo filho, o Edgard, um menino de ouro, tal qual o Guilherme. Impossível filhos melhores que os meus, e talvez por isso foram chamados tão cedo. O Guilherme se foi aos 24 anos e agora o Edgard com 31. Ele nunca se esqueceu da primeira carta rece­bida pelo correio, […]