Eu e tu, os dois sós
Do Grand Hotel Saint-Michel, em Paris, Jorge Amado escreve à mulher, Zélia, cartas reveladoras da atividade política que desenvolvia na insegura Europa do pós-guerra, onde se exilara após a cassação do mandato de deputado pelo Partido Comunista Brasileiro, declarado ilegal em 1947. A correspondência mostra ainda o esforço de um homem apaixonado para superar a ausência da companheira de toda a vida.
Paris, 23 de março de 1948
Paris, 23 de março de 1948
Querida minha, minha negra saudosa, meu amor mais lindo do mundo, novamente estou há uma semana sem cartas tuas, sem saber se estás no Rio ou em São Paulo, o correio de ontem trouxe carta da Argentina (de Rodolfo Ghioldi)[1] mas nada do Brasil. Não sei nem de ti, nem de João, nem […]