Anos após a perda do irmão, Paschoal Carlos Magno escreveu esta carta ao sobrinho, Armando, que criara como filho. A retrospectiva revela a ternura e o empenho com que o tio cuidou da formação de Armando na atual Casa Paschoal Carlos Magno, que abriga o Teatro Duse, em Santa Teresa.

S.l., 1º de janeiro de 1953

Tinhas meio palmo de altura quando ficaste órfão.

Teu pai era um dos homens mais feios do mundo; mas inteligente e culto, com uma con­versa fascinante. E viajadíssimo.

Daí em diante tomei a tarefa de olhar por ti como se fosses meu filho.

E cresceste na nossa casa tão cheia de livros de teatro, de […]

Paulo Mendes Campos e muitos escritores de sua geração foram fiéis apreciadores de uísque, presente nos bares cariocas ou nas casas de poetas como Vinicius de Moraes, onde o bom scotch nunca faltava. Esta “Carta de separação” , crônica até hoje inédita em livro, foi publicada na coluna “Primeiro plano”, do Diário Carioca, onde Paulo foi colaborador desde 1946, quando iniciou a coluna semanal “Semana Literária”, até que em 1950 assumisse a coluna diária “Primeiro Plano”, que iria até 1961.

Creio, meu bem, que chegou finalmente o momento de dizermos adeus. Tentei todas as acomodações possíveis. Não posso ser acusado de não ter tido para contigo boa vontade e ca­rinho. Não posso admitir que se diga por aí, à boca pequena, que a culpa foi minha, que não tive compreensão da realidade. Os fatos são […]