Em busca de uma interpretação para a derrota geracional com que se defronta, Darcy Ribeiro expressa sua angústia em carta a Anísio Teixeira, amigo com quem compartilhava um projeto para o Brasil.

[Montevidéu], 28 de março de 1966

Mestre Anísio,

Recebi sua carta, mais amarga do que devera com a vida que tem aí ao lado de Emilinha e de Baby, fruindo as doces funções de avô e, sobretudo, repensando a universidade dos povos pobres. Seu amargor não é erradicável, meu caro. Ele lhe vem de se ter feito a conscientização mais aguda […]

Vibrando com o talento da amiga Lygia Fagundes Telles, Erico Verissimo, nesta carta, não esconde seu encantamento com a coletânea de contos O jardim selvagem, publicada em 1965. A autora enviara o exemplar para os Estados Unidos, onde o romancista gaúcho visitava a filha, o genro e os netos, que moravam em Alexandria, no Estado americano da Virginia.

Alexandria, 6 de fevereiro de 1966

Lygia, querida amiga,

“Não há nada melhor que uma carta de Lygia… nem igual” – disse eu à Mafalda, quando recebi sua carta. Mas, dias mais tarde, ao receber seu livro, fiz um acréscimo: “… só um livro da Lygia.” Aconteceu uma coisa engraçadíssima. O carteiro bateu na porta, a Mafalda desceu, recebeu o pacote […]

Os 80 anos de nascimento de Manuel Bandeira foram largamente comemorados em todo o país. Decio de Almeida Prado, que, 1966, era diretor do “Suplemento Literário” de O Estado de S. Paulo, cargo que exerceu de 1956 a 1967, quis homenagear o Poeta de Pasárgada com um poema que encomendou a outro poeta pernambucano: João Cabral de Melo Neto. Mas o autor de “Morte e vida severina” explica, nesta carta, o porquê de não poder aceitar a tarefa.

Berna, 25 de março de 1966

Meu caro Decio,

Muito honrado com seu telegrama encomendando um poema para o número do suplemento sobre o Manuel.[1] O poeta merece todos os poemas (bons) e o amigo também (para não falar no primo e no conterrâneo). Acontece porém que ando completamente esgotado para qualquer trabalho criador. Acabo de terminar um livro […]

Dois anos depois do golpe militar que instaurou o regime de ditadura no Brasil entre 1964 e 1985, Glauber Rocha, nesta carta, reflete sobre o desencanto de que era tomado naquele momento em que vivia a “mais brutal crise” de toda a sua vida.

Rio de Janeiro, 1966

Querido Jomard,

Estive aqui folheando lentamente o teu livro[1] e lhe asseguro que vou ler com o maior interesse, porque já vi que você fez um estudo inteli­gentíssimo sobre nossa Cultura! e sobretudo porque descobri, num relance, que os autores citados por você, revistos e essencializados! dão mesmo uma Visão brasileira, complexa, contraditoriamente […]

Vinte dias depois de Mario Quintana ter completado sessenta anos, Paulo Mendes Campos o homenageou com esta carta, publicada na revista Manchete de 20 de agosto de 1966.

Meu caro poeta: no dia 30 de julho passado fizeste sessenta anos. Não dou os parabéns a ti, mas a mim e a todos os convivas de tua poesia. Imagina que em uma galáxia remota estejam reproduzidas todas as formas terrestres – a antimaté­ria de que falam esses descabelados ro­mânticos da realidade, os físicos moder­nos. […]