Em 1950, a escritora cearense Rachel de Queiroz publicou nas páginas de O Cruzeiro quarenta capítulos de O galo de ouro, romance que seria editado em livro apenas em 1985. Único romance da escritora ambientado fora do Ceará, O galo de ouro teve sucesso entre o público leitor da época, revelando o cotidiano da Ilha do Governador, bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Nesta carta, o poeta Carlos Drummond de Andrade reage à trama, saudando o estilo realista adotado pela autora.

Rio [de janeiro], 8 de dezembro de 1985

Querida Rachel:

Não quero terminar o ano sem limpar-me de um pecado de omissão cometido contra O galo de ouro. O volume ficou perdido numa pilha de outros que se acumulava a um canto do escritório – esse escritório mal organizado de um sujeito que se afirma ser organizadíssimo – e só há pouco o […]

Após a morte de Tomie Ohtake em fevereiro de 2015, o instituto que leva seu nome, em São Paulo, realizou a exposição “Tomie Ohtake 100-101”, em que foram expostas cerca de trinta telas, pintadas no centésimo primeiro e último ano de vida da artista. Após sua morte, o curador da exposição, Paulo Myiada, voltando no tempo, lhe escreve seis cartas, entre as quais esta, que trata da polêmica “Estrela do mar”, obra instalada na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, onde ficou de 1985 a 1990.

Para São Paulo, 1985

Querida Tomie,

Não sei se você conhece a superstição, mas me diverte quando dizem que nossas orelhas ficam quentes quando falam da gente – a direita, se falam bem, a esquerda, se falam mal. Se for verdade, você provavelmente não está precisando cobrir a cabeça para dormir no frio! Em São Paulo, a exposição organizada […]