Nise da Silveira entrou em contato com a obra de Spinoza no período de dezesseis meses em que esteve presa durante a ditadura Vargas. Filósofo de sua predileção, Spinoza inspirou a série de sete cartas que ela escreveria já na maturidade, dentre elas a que se reproduz aqui. O conjunto foi publicado no livro intitulado Cartas a Spinoza.

[Rio de Janeiro, 1989]

Meu caro Spinoza,

A vida em Amsterdã, depois da absurda excomunhão e de outros dissabores, devia ter sido bastante penosa para você, apesar da aco­lhida que desde logo lhe ofereceram os Colegiantes, esse curioso grupo de cristãos, que reunia indivíduos interessados na interpretação da Bíblia, estudiosos de filosofia cartesiana, e ainda outros, abertos a fontes […]