Do exílio mexicano, entre as saudades do Brasil e a apreensão com relação à saúde, Herbert de Souza, o Betinho, escreve a Otto Lara Resende, que acabara de tomar posse como membro da Academia Brasileira de Letras. Nesse mesmo ano em que escreve ao amigo, Betinho é anistiado pelo governo do general Ernesto Geisel e protagoniza uma chegada emocionante no aeroporto do Galeão, abraçado pelos amigos e pela família.

México, 20 de outubro de 1979

Ottos (desculpe o plágio),

Tenho inveja de você, que é imortal. Gostaria de ter esta condição para voltar ao Brasil, e a razão é muito simples. Depois que voltei ao Brasil por quinze dias fiquei com um medo danado de morrer no Brasil. Creio que nestes últimos 43 anos de hemofílico não me caracterizei exatamente […]

O conceito de homem cordial, desenvolvido por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, de 1936, tem origem na década de 1930, quando Alfonso Reyes, então embaixador do México no Brasil, fundou a revista Monterrey: Correo Literario de Alfonso Reyes. Entrou em cena, então, outro diplomata: Ribeiro Couto, embaixador do Brasil em Belgrado, que, entusiasmado com a iniciativa do colega, enviou carta, datada de 7 de março de 1931, ao Correo, publicada com o título “El Hombre Cordial, producto americano”, na seção “Epistolário” da edição de março de 1932, p. 3. Duas décadas depois, avaliando o caminho que tomara o seu “homem cordial”, Ribeiro Couto escreveu a Alfonso Reyes pedindo-lhe cópia da carta de 1931. Eis a resposta de Reyes seguida da carta que Couto lhe enviara:

México, D.F., 6 de marzo de 1952

Mi querido Ruy,

Gracias por su carta del 25 de febrero. Me felicito del ascenso de la Legación a Embajada y de que sigue usted con nuevos ánimos para sus tareas literarias. Le envío un retrato de hace pocos años, pero que espero le agrade, y le envío también unos sonetos humanístico-burlescos, Homero en Cuernavaca. […]