No primeiro dia da turnê que Elis Regina fez para o lançamento do álbum Transversal do Tempo, em Recife, dedicou o show a Edival Nunes da Silva, o Cajá, estudante pernambucano de sociologia que fora preso e estava sob tortura dos militares. Como a polícia local ameaçou cancelar as apresentações, Elis, no segundo dia, foi menos explícita na homenagem ao jovem, mas reverenciou-o de forma criativa: entrou no palco sem Dudu Portes, o baterista da banda, e alegou não poder fazer o show sem o integrante, que estava sentado em uma das poltronas do Teatro Santa Isabel, camuflado no meio do público. A cena foi a deixa para Elis, ousada, dizer: “Vem cá, já. Não posso começar o espetáculo sem você”. Segundo o próprio Cajá, “o público logo entendeu o recado e aplaudiu”. Como não conseguiu visitar o estudante na prisão, Elis deixou esta carta em papel timbrado do hotel em que estava hospedada.

Cajá

Estou por aqui. Por sua terra forte e maravilhosa. Sabidamente mais que eu. Me desculpe a ausência. Embora ela seja somente física. E determinada por uma covardia estúpida bem sei. Mas que abrigada no meu interior, me impede gestos maiores e mais amplos. Isso tudo me faz sentir extremamente inferior perto de pessoa como […]

Convencido pelos amigos Adonias Filho e Rachel de Queiroz, Ariano Suassuna candidatou-se à Academia Brasileira de Letras em 1979. Ao tomar conhecimento do compromisso de voto de muitos acadêmicos com o escritor Otto Lara Resende, que venceria a disputa, retirou sua candidatura. Nesta carta, Suassuna revela à autora de O Quinze suas contradições em relação à entrada para a Casa de Machado de Assis. Dez anos depois seria eleito e ocuparia a cadeira 32, que pertenceu a Genolino Amado. 

Recife, 12 de março de 1979

Querida Rachel,

Anteontem, sábado, recebi um telefonema de Adonias dizendo amigavelmente que vocês tinham resolvido me candidatar à Academia. Sei perfeitamente como essas coisas são solicitadas pelos outros, de modo que estou mais do que cons­ciente do gesto fraterno em que importa o oferecimento. Assim, seria um orgu­lho imperdoável, e uma antipática descortesia minha, recusar […]

Reprovado em geometria ao final do ano de 1862 na Faculdade de Direito do Recife, Castro Alves escreve sobre seu desânimo ao amigo Marcolino. Depois, mergulharia na vida cultural da cidade, destacando-se nas atividades estudantis, literárias e, sobretudo, nas manifestações abolicionistas. Tentaria o curso jurídico novamente em 1868, em São Paulo, sem sucesso.

Recife, 16 de janeiro de 1863

Meu Marcolino,

Desejo que tenhas passado bem com tua excelentíssima família.

Depois de um mês e tanto de demora (no que devias estranhar-me) vou escrever-te. Mas não po­des imaginar a razão. É que eu havia perdido a tua carta e não sabia a quem fazer a adresse, de sorte que contra a minha vontade era […]