Em 17 de junho de 1962, a seleção brasileira conquistou o bicampeonato mundial, após derrotar a Tchecoslováquia por 3 a 1, no Estádio Nacional do Chile, em Santiago. Dois dias depois, Antônio Maria publicou, com exclusividade, em sua coluna no periódico O Jornal, uma carta de Vinicius de Moraes dirigida ao cronista. Na missiva, o poeta fez mais do que uma análise futebolística aguçada: pensando sobre o Brasil, discorreu sobre a frase “Nós somos um país de pessoas”, dita por Antônio Maria, cronista que completaria cem anos em 2021. As homenagens serão conduzidas pelo Portal da Crônica Brasileira.

Rio de Janeiro, 19 de junho de 1962

Olha, meu Maria, sofrimento pior do que o jogo contra a Tchecoslováquia, só mesmo sofrimento de amor ­­– e, assim mesmo, não sei não… Quando se ama uma mulher e ela, em geral, com toda razão, briga com a gente e quer se separar, e toda essa coisa, fica-se desarvorado, tomam-se pileques transmontanos, briga-se na […]

Em 1969, o ex-jogador, cronista esportivo e militante político João Saldanha foi convidado para ser treinador da Seleção Brasileira. A campanha nas eliminatórias para a Copa não poderia ter sido melhor: seis jogos e seis vitórias. Entretanto, a presença de João Sem Medo, como ficou conhecido, em cargo tão importante não interessava ao general Emílio Garrastazu Médici, terceiro comandante da ditadura militar. Saldanha relatou episódios que o levariam a deixar a função em uma carta aberta publicada na revista Placar, da qual reproduzimos alguns trechos.

[Rio de Janeiro], 27 de março de 1970

Um dia o dr. Antônio do Passo[1] apareceu na minha casa e me convidou para ser treinador da Seleção Brasileira. Não me falou em contrato, em dinheiro, em nada. Só perguntou se eu queria ser o treinador da Seleção. Eu disse a ele:

– Isso […]