O casamento de Villa-Lobos com a pianista Lucília Guimarães, em 1913, chegaria ao fim depois de 23 anos de convivência. Com esta carta, escrita de Berlim, o maestro e compositor, que ali atuava como delegado nos Congressos Internacionais de Educação Musical, encerra o relacionamento de maneira definitiva, sem deixar espaço para quaisquer avaliações sentimentais ou a menor presença de afeto.

Berlim, 28 de setembro de 1936

Lucília

Esta minha viagem de três meses à Europa foi mais especialmente para decidir de uma vez a minha vida íntima, do que propriamente desempenhá-la como delegado dos Congressos Internacionais e Educação Musical.

Tenho a certeza que não será nenhuma surpresa esta notícia tão decisiva que segue abaixo.

Há muito tempo venho consultando a mim […]

Do sítio do amigo Octavio de Faria, em Itatiaia, onde penava um dos primeiros desencontros amorosos que experimentaria na vida, o poeta do “Soneto de fidelidade” escreve à mãe, dona Lydia, sobre seu estado de espírito.

Itatiaia, 13 de janeiro de 1935

Minha mãe,

Só agora me sinto com um pouco mais de coragem para me sentar e escrever. Estava espatifado. Depois de ter passado quase que toda a noite em claro e de ter feito uma viagem em que a maior preocupação foi “não formar ambiente de enterro”, cheguei ao sítio mais morto do que vivo, […]

Casado com a pianista Jocy de Oliveira por mais de uma década, o maestro Eleazar de Carvalho escreve-lhe esta última carta antes do divórcio. Nela, segundo Jocy em seu livro Diálogo com cartas, ele “deixa transparecer um lado poético e emotivo por trás de sua crosta enrijecida pela vida difícil que teve”.

S.l., 2 de outubro de 1971

Jocy, my love,

É um sábado à tarde. 2-10-71. Estou sozinho. O piano está mudo e coberto com uma rede. Uma rede nova, trazida do Ceará, de onde cheguei ontem, à noite, carre­gado de troféus. Troféus que o intervalo temporal de uma curta e longa, ao mesmo tempo, existência vem trazendo. Talvez fossem mais se […]

Cronista de longa e constante carreira nos importantes periódicos do Rio de Janeiro, Rubem Braga, nesta carta, recusa a homenagem que lhe quer fazer o Jornal do Brasil por ocasião do seu aniversário de sessenta anos, em 12 de janeiro de 1973, e conta ao amigo o motivo de sua saída daquele jornal.

Vitória, 26 [de] dezembro [de] 1972

Otto,

Procurei durante cinco dias falar com você no Rio, sem conseguir. É que eu soubera, pela Maria Lúcia Rangel, que o Jornal do Brasil pretendia fazer uma página pelos meus sessenta anos, inclusive encomendando artigos a Joel [Silveira], Fernando [Sabino], Carlos [Drummond de Andrade] etc. Em Cachoeiro, eu soube que estavam lá no momento […]

Graça Aranha rompe com a Academia

De: Graça Aranha Para: Academia Brasileira de Letras

Na sua condição de imortal, Graça Aranha proferiu, em 19 de junho de 1924, na Academia Brasileira de Letras, a conferência “O espírito moderno”, sobre o desejo de renovação das letras brasileiras. Achava que a Academia constrangia a livre inspiração e tolhia o jovem talento, ideia que provocou cisão entre os acadêmicos. Quatro meses depois, desligava-se da Casa de Machado de Assis por meio desta carta.

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1924

Excelentíssimo senhor presidente da Academia Brasileira,

Desde que na sua última sessão a Academia rejeitou o projeto que apresentei no intuito de modernizar a sua ativi­dade, dou por extinta a minha função acadêmica. Poderia afastar-me sem explicações, como outros já fizeram por motivos pessoais, num gesto de desdém por esta instituição. A atitude, porém, que […]