Um dos maiores personagens da cena musical brasileira, Hermínio Bello de Carvalho, escreve para um dos maiores autores em língua portuguesa, Manuel Bandeira. Nesta carta, Hermínio retifica informações dadas pelo poeta de Recife no ensaio “Literatura de violão”. Quem se beneficia da conversa entre o músico e o poeta é o leitor que pode acompanhar uma aula sobre a genealogia musical das cordas.

Rio de Janeiro, 6 de agosto de 1956

Meu poeta

Queria ter palavras melhores e mais bonitas para chegar-me a você. Soubesse eu a fórmula mágica e o melhor de meu talento lhe seria dado.

Está aqui comigo o número doze da excelente Revista da Música Popular do moço Lúcio Rangel, conhecedor profundo do nosso […]

Entre 1975 e 1977, Lygia Fagundes Telles iniciou um movimento para criar o Museu da Literatura Brasileira, uma espécie de irmão gêmeo paulista do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira, aberto por Plínio Doyle em 1972 na Fundação Casa de Rui Barbosa. Segundo a autora, o Museu da Literatura Brasileira, com o apoio do Centro Federal de Cultura, seria um “centro de estudos e pesquisas grande o bastante para ser realmente representativo da nossa literatura”. Nesta carta ao amigo Erico Verissimo, Lygia convoca o escritor gaúcho a doar fotografias e manuscritos e a divulgar a iniciativa. Com ajuda de José Geraldo Nogueira Moutinho, foram reunidos em torno de 230 itens, mas o Museu não se tornou realidade e o material coletado, de pouca ou nenhuma divulgação até agora, está sob a guarda do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB).

[São Paulo], 12 de setembro de 1975

Erico, meu querido:

Ainda no belíssimo cartão que você me deu aqui estou para cobrar-lhe o material para nosso Museu da Literatura Brasileira: fotos (antigas, modernas, você com Mafalda, com os filhos, com os amigos) textos, manuscritos, caricaturas, cartas que escritores famosos lhe escreveram – enfim, todas as […]

Em 25 de setembro completam-se 50 anos da morte de Lotta de Macedo Soares, a idealizadora do Aterro do Flamengo. A obra a que Lotta se dedicou com paixão, magnificamente fotografado por Marcel Gautherot, teve projeto urbanístico e arquitetônico de Affonso Reidy e continua símbolo do Rio de Janeiro, tão ou mais icônico do que quando Rachel de Queiroz escreveu esta carta/ crônica.

[Rio de Janeiro], 16 de fevereiro de 1972

Querida Lotta, se no assento etéreo on­de você deve estar, memórias desta vida se consentem, se você vê as coi­sas cá debaixo, há de sentir uma grande alegria contemplando o seu Parque do Flamengo. Sim, o seu Par­que, Lota. Que você inventou, criou, ti­rou daquele aterro bruto, acompanhando-o pedrinha por pedrinha, planta por planta, flor por flor. Todas as suas canseiras, as lutas, a […]

A convicção de Lotta de Macedo Soares a respeito de um parque público que possibilitasse lazer ao povo levou-a a idealizar o Parque do Flamengo, cujo projeto arquitetônico e urbanístico é de autoria de Affonso Eduardo Reidy. Tomada de entusiasmo especialíssimo, e não satisfeita com a simples conclusão da obra, queria garantir-lhe futuro: passou a lutar por uma Fundação capaz de manter o Parque. Esta carta deixa claro o empenho com que Lotta batalhava pela preservação, além de mostrar sua visão de futuro. Escreveu na véspera do dia que ficou estabelecido como a data oficial de inauguração.

Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, 16 de outubro de 1965

Rachel muito querida,

Os argumentos para a “Fundação do Parque do Flamengo” são poucos, mas creio que decisivos e imprescindíveis.

A minha intenção quando comecei a obra era de obter do Rodrigo M. Franco[1] o tombamento, o que já foi feito por unanimidade apesar do Conselho ter vários inimigos do Carlos,[2] […]

É compreensível que os brasileiros associem a arquitetura de Oscar Niemeyer essencialmente a Brasília. Entre as questões mais importantes de seus projetos está a do espaço, tema desta carta ao engenheiro calculista José Carlos Sussekind.

S.l., 13 de julho de 2001

Sussekind,

Há muitos anos, creio eu, não ficava cinco dias sem trabalhar. Desta vez resolvi atender meu médico e manter o braço na tipoia, como ele pediu.

Foi uma boa experiência. Continuei a frequentar o escritório das nove da manhã às nove da noite. Mas sem desenhar, sozinho, na sala dos fundos, que é meu […]