Filho da estilista Zuzu Angel e integrante do MR-8, Stuart Angel foi preso, torturado e assassinado por militares da Aeronáutica em 14 de maio de 1971. Seu desaparecimento levou Zuzu a iniciar campanha contra o regime militar, que incluía bilhetes como este enviado a Marieta Severo e Chico Buarque. Uma semana antes de sua morte, no dia 14 de abril de 1976, entregou a amigos, mais uma vez a Chico e Marieta, declaração em que denunciava o risco que corria. A história virou enredo do filme Zuzu Angel, de Sérgio Rezende, com Patrícia Pillar no papel da estilista.

Rio [de Janeiro], 13 de maio de 1973

Marieta e Chico,

Amanhã, dia 14 de maio, completam dois anos que meu filho Stuart Angel foi assassinado pelo governo brasileiro. Depois de barbaramente torturado foi amarrado a um jeep da Aeronáutica e arrastado. Não me entregaram o corpo.

Zuzu Angel


Declaração

Rio […]

Neste notável bilhete, o poeta Carlos Drummond de Andrade, colaborador assíduo do “Suplemento Literário” de O Estado de S. Paulo, dá ao então editor Decio de Almeida Prado a liberdade de fazer uma alteração em seu poema “Os materiais da vida”. Os cuidados de Drummond com o emprego da palavra “coitos” nesse poema, e do verbo “copular” em outro, foram estudados por Mariana Quadros em “Cartas de estimação de Carlos Drummond de Andrade”. A palavra seria mantida na versão publicada em A vida passada a limpo (1959).

Rio [de Janeiro], 22 de setembro de 1959

Meu caro Decio de Almeida Prado,

Você encontrará junto dois poemas que os leitores do seu suplemento não poderão achar excessivamente compridos. No segundo, a palavra coitos, se porventura parecer escandalosa em jornal, poderá ser substituída por beijos, fica a seu critério. E daqui lhe manda um abraço afetuoso, com a estima de sempre, o

[…]

Como colaborador prudente do “Suplemento Literário” de O Estado de S. Paulo, dirigido por Decio de Almeida Prado de 1956 a 1967, Carlos Drummond de Andrade lhe enviou este curioso bilhete em que dá ao editor a liberdade de fazer alteração importante no poema que o IMS gravaria em DVD, “Especulações em torno da palavra homem”. Os cuidados de Drummond com o emprego do verbo nesse poema, e em um outro de natureza semelhante, foram estudados por Mariana Quadros em “Cartas de estimação de Carlos Drummond de Andrade”. O verbo copular seria mantido na versão publicada em A vida passada a limpo (1959), conforme decisão do poeta expressa neste bilhete. 

Rio [de Janeiro], 3 de fevereiro de 1957

Prezado Decio de Almeida Prado,

Um abraço

Aí vai, para o suplemento do Estado, qualquer coisa parecida com um poema, longo e monótono de caso pensado. Se achar que o verbo copular, no sétimo terceto, fere o leitor comum, pode substituí-lo por enlaçar. Em livro a gente restabelece a palavra, como já tenho feito.

Cordialmente, […]

Em 1965, Hélio Oiticica viu uma espécie de construção improvisada por um mendigo feita de estacas de madeira, cordões e outros materiais. Em um pedaço de juta conseguiu ler a palavra “Parangolé”, com a qual passou a designar as obras que estava desenvolvendo naquele momento. A este bilhete a Jayme Maurício ele anexa dois documentos, inéditos na ocasião, e indispensáveis para a compreensão de sua obra: “Anotações sobre o Parangolé” e “Bases fundamentais para a definição do Parangolé”, divulgados pelo próprio artista em edição mimeografada, por ocasião da exposição Opinião 65, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e considerada um marco na história da arte brasileira.

[Rio de Janeiro], 10 de agosto de 1965

Caro Jayme,

Aí está o material. Para mim a foto preferencial seria a do Miro da Mangueira dançando com a capa (está aqui junto com a capa), talvez porque junte nela a obra e a dança. Vê o que podes fazer por mim – estes dois textos são ineditíssimos e estão sendo impressos para a […]

Aos seis anos de idade, Nelson Freire já impressionava os que o ouviam tocar ao piano. Aos oito, morando no Rio, para onde a família se mudara a fim de lhe garantir melhores condições de estudo, escreveu este bilhete ao pai.

Rio de Janeiro, [1952]

Minha vida

Eu sou um menino de 8 anos de idade.
Eu me chamo Nelson José Pinto Freire.
Eu nasci no dia 18 de outubro de 1944.
Eu sou um menino que passo a vida alegre.
Eu brinco muito com os meus amigos.
Eu também brigo e brinco com os […]