Rio de Janeiro, 31 de março de 1967
Prezado Olímpio de Souza Andrade,
Senti-me muito honrado por ter recebido de você essa prova de estima e de fraternidade intelectual, que é o oferecimento de seus três volumes consagrados a Euclides da Cunha. Conhecedor, há muito, de sua devoção euclidiana, que não é culto emocional, mas esforço de pesquisa, análise e divulgação da obra, tenho agora ensejo de manifestar a você, em papel passado, meu enorme apreço a seus trabalhos, em que a probidade, a lucidez e o senso crítico se aliam sob a influência daquele intelletto d’amore[1] que você recomenda para perfeita assimilação do ensinamento de Euclides.
Um abraço cordial, em que vai toda a admiração do seu grato companheiro
Carlos Drummond de Andrade
Arquivo Olímpio de Souza Andrade / Acervo IMS.
[1] N.S.: A expressão intelletto d’amore se encontra no primeiro verso do parágrafo XIV de uma canção da Vita Nuova, de Dante Alighieri: “Donne ch’avete intelletto d’amore” (Vita Nova XIX). Significa “conhecimento pleno derivado da experiência sensível”. Conhecimento pleno do amor, portanto. Drummond emprega a expressão no sentido de “inteligência amorosamente aplicada”, como considera a devoção de Olímpio de Souza Andrade ao estudo da vida e obra de Euclides da Cunha.