Com um olhar sobre a violência neocolonial no continente africano, André Rebouças parte do Brasil para se estabelecer como engenheiro em Angola, atuando na construção de estradas de ferro e na introdução da lavoura de café. Permanece pouco mais de um ano na África do Sul, de onde escreve para seu amigo, Alfredo Taunay. Leitor e amante dos clássicos gregos, que vão de Homero, Ésquilo a Sócrates, Rebouças comenta sobre astronomia e sua ação enquanto professor de cálculo na terra de seus ancestrais.
4 de abril de 1893
Meu querido Taunay,
Parece-me que minhas cartas, durantes a crise de mudança do Transvaal para Cape Town, foram por demais negras e africanas: porque, a 16 de fevereiro, escreveu: “Libertando-se da opressão do continente negro e mártir, do qual não tens colhido senão combates estéreis e angustiosas decepções”.
Em 1975, a América Latina respirava ditaduras. Nessa altura, Augusto Boal já havia sido preso e torturado, e vivia em exílio na Argentina. Na Itália, Linda Bimbi organizava mais uma seção do Tribunal Russell cujo objetivo era pressionar governos militares por meio da denúncia de perseguidos políticos. Nesta carta a Linda, Boal intercede para que lhe concedam um novo passaporte, já que o seu tramitava na Polícia Federal do Brasil desde 1973, sem qualquer avanço. O Tribunal Russell aconteceria em Roma, de 10 a 17 de janeiro de 1976, com a presença de, entre outros, Julio Cortázar e Gabriel García Márquez, mas sem Boal que, embora tenha aceitado ser testemunha, preferiu não sair do país com risco de ser preso outra vez. 15 de setembro de 1975 Prezada Linda, Em relação à […] Ao Governador de São Paulo, Recebi um telegrama do Sr. Ministro Chefe de Cerimonial do Palácio do Governo, comunicando-me que me foi outorgada a Ordem do Ipiranga. Desde que comecei minha carreira no Teatro, há trinta anos, poucos grandes nomes do palco foram homenageados pelos governos com ordens, medalhas, comendas etc… e sempre me indaguei […] Um dos maiores personagens da cena musical brasileira, Hermínio Bello de Carvalho, escreve para um dos maiores autores em língua portuguesa, Manuel Bandeira. Nesta carta, Hermínio retifica informações dadas pelo poeta de Recife no ensaio “Literatura de violão”. Quem se beneficia da conversa entre o músico e o poeta é o leitor que pode acompanhar uma aula sobre a genealogia musical das cordas. Rio de Janeiro, 6 de agosto de 1956 Meu poeta Queria ter palavras melhores e mais bonitas para chegar-me a você. Soubesse eu a fórmula mágica e o melhor de meu talento lhe seria dado. Está aqui comigo o número doze da excelente Revista da Música Popular do moço Lúcio Rangel, conhecedor profundo do nosso […] Ana Cristina Cesar tinha 17 anos, estudava na Inglaterra e alimentava um namoro à distância com Luiz Augusto Ramalho, exilado político na Alemanha. Do amor impossível e não realizado, ficaram as cartas que, doadas ao IMS por Luiz, figuram agora no livro Amor mais que maiúsculo, publicado pela Cia das Letras. O material manuscrito está digitalizado e disponível para pesquisa, e esta iniciativa faz parte das comemorações pelos 70 anos da poeta Ana C. 27 de outubro de 1969 Fico olhando pras tuas fotografias: uma de você cobrindo o rosto sobre a pedra, junto às gentes, irresistivelmente de calção azul e prêto; uma de você entre um discurso, Pedra Sonora abaixo, dizendo NÃO TIRA, NÃO BATE; e eu tirei, eu bati, e não me arrependo, mas me deito com uma contorção – LUIZ, LUIZ, […]
espero que você hoje já tenha recebido uma boa quantidade de material através da nossa amiga Marina. Por favor, leia e me informe sobre a sua possível utilidade; procure me informar também sobre outro material específico que possa ser útil. Eu continuarei tratando de conseguir tudo que for possível. Repertório de violão é feito livro, disco e cachaça