Não se nega que correspondência postal virou coisa do passado, mas muitas das cartas que uma vez chegaram a mãos trêmulas, descontroladas pelos sentimentos mais diversos, atraem leitores de todo o mundo graças a edições em livros ou, modernamente, em diferentes mídias. Seja pelo vigor de uma emoção expressa em palavras comuns, seja pelo valor literário ou por seu conteúdo histórico, as cartas ajudam a compor a identidade de um povo e podem se revelar notáveis se escritas por um humilde soldado ou por um alto pensador.
No Brasil, ganharam também forma de crônica (Paulo Mendes Campos produziu várias) ou letra de música, como fizeram Noel Rosa e Chico Buarque. De uma maneira ou de outra, conservam o caráter de intimidade que o ato da publicação não destrói nem mesmo na carta aberta, de modo geral portadora de uma voz pessoal eloquente.
Por serem íntimas, costumam surpreender quando vêm a público, e, por exibir traços insuspeitados de seus autores, não podem ser sonegadas à história de um país. Sem divulgá-las, como saberíamos facilmente que o sóbrio jurista Rui Barbosa escreveu cartas tão apaixonadas à sua querida Maria Augusta? Que não bastou a Lucio Costa o talento de arquiteto, e ele também brilhou em extraordinárias descrições epistolares de cidades europeias? Que o pai de Nelson Freire, farmacêutico, se preocupou em registrar para a posteridade o momento em que mudou a vida da família para acompanhar o filho, ainda menino e já pianista? Que Tom Jobim tremeu nas bases diante da vaia de Sabiá e precisou do ombro de Chico Buarque? Que d. Amélia de Leuchtenberg, madrasta de d. Pedro II, foi capaz de expressar genuíno sentimento materno? Que amizade, para Otto Lara Resende, era assunto seriíssimo, tão sério que, com frequência, se converteu em tema de carta, reflexões e até mesmo de ciúmes?
Guardião de milhares de cartas em seu acervo de Literatura, o Instituto Moreira Salles não podia se furtar a percorrer a história cultural do país por meio das correspondências, pinçadas não só de seu acervo como de outros, disponibilizadas neste Correio IMS.
Nossa intenção ao publicar cartas de brasileiros ou de personalidades intimamente ligadas ao Brasil é tornar a leitura acessível. Para tanto: a) indicamos sempre a fonte de publicação no rodapé; b) atualizamos a ortografia; c) assinalamos com nota do site (N.S.:) as intervenções no documento feitas pela edição do correio IMS e mantivemos as notas da edição-base indicando-as como nota da edição (N.E.:) ou nota do autor (N.A.:); d) adotamos colchetes nos cabeçalhos das cartas para indicar que um local ou data não constam do documento original e, como resultado de pesquisa, foram atribuídos por nós. Disponibilizamos ainda uma galeria de imagens com ilustrações para algumas cartas, assim como vídeos ao final de outras.
O Instituto Moreira Salles recebeu, para uso exclusivo neste site, a autorização dos respectivos titulares dos direitos de imagem e/ou de autor de cada uma das cartas aqui reproduzidas. Deste modo, informamos que a sua reprodução em qualquer outro meio ou forma não está autorizada, ficando o infrator sujeito às medidas legais cabíveis.
Elvia Bezerra
Expediente
Coordenação
Elvia Bezerra (2015-2019)
Rachel Valença (2020-)
Edição
Lyza Brasil (2015-2016)
Júlia Menezes (2016-2017)
Victor Heringer (2018)
Elizama Almeida (2018-)
Assistente de edição
Gustavo Zeitel (2019-2021)
Danilo Bresciani (2021-)
Apoio à pesquisa
Jane Leite
Katya Pires de Sá Leitão
Manoela Daudt d’Oliveira