Carta aos amigos de São Paulo

De: Castro Alves Para: Amigos de São Paulo

Apesar dos cuidados que lhe dispensaram os amigos paulistas, Castro Alves precisou viajar ao Rio de Janeiro para se tratar de uma ferida no pé causada por um tiro de espingarda durante uma caçada nos campos do bairro do Brás, em São Paulo. Na capital carioca, foi hóspede do amigo Luiz Cornélio dos Santos, mas, sem sucesso no tratamento, teria o pé amputado em junho de 1869.

Rio de Janeiro, 25 de maio de 1869

Eis-me na corte há quatro dias, eu, pobre in­válido, que não podia chegar até a sala!… Que força, que mola estranha deu vida ao cadáver? Foi Deus. O Deus de Lázaro sustentou-me nesse instante em que a amizade acompanhou-me.

[…][1]

E custou-me bem aquele último abraço a bordo, à tarde, quando o vento […]

Em 11 de novembro de 1868, a espingarda que Castro Alves usava durante uma caçada nos campos do bairro do Brás, em São Paulo, disparou, atingindo-lhe o calcanhar direito. O poeta viajaria ao Rio de Janeiro para se tratar, acolhido pelo amigo Luiz Cornélio dos Santos, a quem pede socorro nesta carta.

[São Paulo, 1º de dezembro de 1868]

Meu caro Luiz,[1]

Estou, há vinte dias, de cama, de um tiro que dei em mim, por acaso. Este desastre caiu-me na pior ocasião. Bem vês que eu não podia escrever, e nem mandar por outro es­crever para minha família isto, e só alguns dias depois é que tive portador seguro que foi […]

Reprovado em geometria ao final do ano de 1862 na Faculdade de Direito do Recife, Castro Alves escreve sobre seu desânimo ao amigo Marcolino. Depois, mergulharia na vida cultural da cidade, destacando-se nas atividades estudantis, literárias e, sobretudo, nas manifestações abolicionistas. Tentaria o curso jurídico novamente em 1868, em São Paulo, sem sucesso.

Recife, 16 de janeiro de 1863

Meu Marcolino,

Desejo que tenhas passado bem com tua excelentíssima família.

Depois de um mês e tanto de demora (no que devias estranhar-me) vou escrever-te. Mas não po­des imaginar a razão. É que eu havia perdido a tua carta e não sabia a quem fazer a adresse, de sorte que contra a minha vontade era […]