Monteiro Lobato e Godofredo Rangel desenvolveram uma intimidade singular por meio da correspondência. Visceralmente literatos, cultivaram discussões epistolares em torno de obras, de tendências estéticas e da vida ao longo de quarenta anos. As cartas, que, como esta de Lobato, na maioria das vezes tratam de literatura, seriam publicadas em A barca de Gleyre (1944).
São Paulo, 15 de novembro de 1904
É cheio do passado que te escrevo. Imagina que fui ao Rink (coisa que não conheces: patinação) e lá encontrei numa roda de quatro a moça mais bela que a Natureza ainda produziu. Bela, fina, elegante… Estes adjetivos já não dizem nada por causa dos abusos do Macuco. Sabe o que é o belo, Rangel? […]