Depois de trabalhar como educadora numa fazenda no Rio de Janeiro, Ina von Binzer assumiu a educação dos filhos do doutor Martinico Prado, em São Paulo. As crianças tinham nomes romanos: Caio, Plínio, Lavínia, Cordélia e Clélia, inspiradores de Os meus romanos, livro que reúne as cartas escritas por Ina a uma amiga, na Alemanha.

São Paulo, 25 de junho de 1882

Minha Gretele do coração,

Escrevo-lhe dentro de uma densa atmosfera de fumaça de pól­vora. Relanceie um olhar à data acima e compreenderá por quê.

Ontem, foi novamente o dia do Batista (já faz um ano que lhe escrevi de São Francisco!), e aqui na cidade nota-se ainda melhor o que isso representa no Brasil.

O […]

Em 1881, a educadora alemã Ina von Binzer veio para o Brasil contratada por uma família de fazendeiro e senhor de escravos do Estado do Rio de Janeiro. Depois, ela assumiu a educação dos filhos do doutor Martinico Prado, em São Paulo. As crianças tinham nomes romanos: Caio, Plínio, Lavínia, Cordélia e Clélia, inspiradores de Os meus romanos, romance epistolar que reúne as cartas escritas por Ina a uma amiga, na Alemanha.

São Francisco [Rio de Janeiro], 14 de agosto de 1881

Minha Grete do coração,

Neste país, os pretos representam o papel principal; acho que no fundo são mais senhores do que escravos dos brasileiros.

Todo trabalho é realizado pelos pretos, toda a riqueza é ad­quirida por mãos negras, porque o brasileiro não trabalha, e quando é pobre prefere viver como parasita em casa dos parentes […]