Leitora de Erico Verissimo desde a adolescência, foi a ele que Lygia se dirigiu quando pensou em publicar seus primeiros contos. A amizade entre os dois escritores fundou-se em admiração recíproca, de que é testemunho esta carta.

Porto Alegre, 29 de outubro de 1974

Querida Lygia,

Alguém mandou ao meu filho um patinho recém-nascido. As crianças interessaram-se por ele nos primeiro dias, mas depois o esqueceram e o bichinho anda por aí tão órfão que todas as tardes se refugia no meu escritório e se aninha entre os meus desert boots[1] – e eu tenho de bater […]

Contemporâneo de Lygia Fagundes Telles e 21 anos mais velho que ela, Drummond pôde acompanhar a trajetória de uma das maiores contistas da literatura brasileira e tecer considerações sobre a obra da amiga. É o que faz nesta carta em que comenta os contos de O jardim selvagem, publicado no ano anterior.

Rio de Janeiro, 28 [de] janeiro [de] 1966

Lygia querida,

Sabe que ganhei de Natal uma gravata bacaníssima, cuja está no armário esperando para ser usada numa reunião à altura? E que me de­ram também um pratinho conimbrense muito do gracioso, para guardar pe­quenas coisas importantes do equipamento de um senhor supostamente ele­gante? E que além desses dois mimos me regalaram com um […]