Rio de Janeiro, 3 de abril de 2019
Meu caro poeta:
Bem sei, não consigo escrever, nem de longe, como Rilke fez com Franz Kappus. Por isso mesmo recomendo a leitura das cartas escritas por ele para quem o procurou faz tanto tempo.
Mas falo da minha experiência, que pode servir a todos que queiram se impregnar de poesia e apreender o poético a meu jeito. Nos primeiros passos, nas primeiras tentativas, você deve se debruçar sobre os poetas de sua preferência.
Eu fazia assim: escrevia variações de Manuel Bandeira, Carlos Drummond, João Cabral, desde os 16 anos. Esse trio maravilhoso me deu um caminho infinito percorrido até hoje. A partir de certo momento você vai se desprendendo deles, sem nunca perdê-los de vista. E com o passar dos anos ousar competir com cada um, mesmo sabendo ser impossível superá-los. Essa ilusão vai nos alimentar vida afora. Afinal, a esperança é a última a morrer.
Armando Freitas Filho.