[São Paulo, 1º de dezembro de 1868]
Meu caro Luiz,[1]
Estou, há vinte dias, de cama, de um tiro que dei em mim, por acaso. Este desastre caiu-me na pior ocasião. Bem vês que eu não podia escrever, e nem mandar por outro escrever para minha família isto, e só alguns dias depois é que tive portador seguro que foi à Bahia para explicar tudo, sem que em casa fiquem muito aniquilados.
Como quer que seja, só daqui a um mês terei dinheiro, o que muito me incomoda. Visto que estou com grandes despesas, e em constantes consultas, conferências, e etc., manda-me algum dinheiro se puderes.
Estou exausto.
Recomendações à excelentíssima senhora. Lembranças aos pequenos e um abraço apertado do teu velho amigo e baleado.
Castro Alves
Castro Alves. Obras completas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1921, p. 453.
[1] N.S.: A este amigo, Castro Alves dedicou o poema “A Luiz”, reproduzido na Galeria de imagens.