Todo o estado de encantamento e emoção trazido pela paixão é plenamente interpretado por Rubem Braga nesta carta/ crônica em que o autor mescla fantasia e realidade em atmosfera onírica. 

[Rio de Janeiro], 5 de abril de 1956[1]

Minha querida,

Recebi sua carta à hora em que ia saindo de casa. Li-a de um só trago, voltei ao quarto para guardá-la e desci – um amigo me esperava lá embaixo. Fomos conversando até a cidade, e gostei quando me despedi dele, porque o […]

Os temas de amor e morte, dominantes na poesia de Schmidt, têm origem no seu permanente estado amoroso e sua profunda angústia em relação à morte. Para aguçar os conflitos que já lhe eram naturais, surgiu Yedda Ovalle Schmidt, com quem o poeta se casaria para viver uma relação intensa, a que não faltou sofrimento, como mostra esta carta.

[Rio de Janeiro], s.d.

Amanhã não verei você. Os céus estão fechados pa­ra mim. Seu amor me inquieta de uma maneira terrí­vel e continuada. Hoje, pensei que de um momento pa­ra outro a posso perder e senti meu coração pesado e triste. Fora de você só há a morte. A cada momento que passa, eu sinto como é infinita […]

A ardente experiência amorosa vivida pelo romancista Aluísio Azevedo em Lisboa contribuiu para que ele considerasse a capital portuguesa melhor que Vigo, cidade espanhola onde, em 1895, ele dava início à sua carreira diplomática – é o que revela esta carta plena de entusiasmo e erotismo, escrita ao amigo Florindo de Andrade.

Vigo, 2 de setembro de 1896

Florindo,

Tua carta foi a minha alegria. Dei graças aos céus em a recebendo, porque supunha já que não existias, dúvida que me trazia o espírito atribulado, porque tu não és simplesmente um homem, tu és uma geração, és um símbolo.

Ouve lá, oh tu! — se te agrada saber que é grata a minha […]

Nem sempre um amante é capaz de ter a coragem de se expor tanto como Schmidt nesta carta a Yedda, sua mulher. A relação dos dois, tumultuada desde o namoro, serviu de inspiração para o poeta que privilegiou os temas de amor e morte na sua obra poética.

S.l., s.d.

Não sei, mas há um sentimento novo em mim a teu respeito. De onde vem e o que é, não sei bem. Sei ape­nas que é triste e traz como que um vago tom de desa­lento e resignação. Sinto que há alguma coisa se mo­vendo em nós de inexorável. Alguma coisa nos sepa­rando. Eu estaria […]

Em agosto de 1822, na cidade de São Paulo, dom Pedro I, o primeiro imperador do Brasil, iniciara relacionamento extraconjugal que duraria sete anos com Domitila de Castro, futura marquesa de Santos. No começo de 1823, Domitila mudara-se de São Paulo para a corte, no Rio de Janeiro, onde vivia sob a proteção do imperador, que, nesta carta, mostra a intensidade de sua paixão.

Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1827

Filha,

Muitas cartas tenho eu rece­bido tuas que me têm escandalizado pela tua pouca reflexão a escrevê-las, mas nenhuma tanto como a de hoje, em que me dizes que nossos amores são reputados por ti como “amores passageiros”. Se teus amores para comigo são assim, é porque tua amizade para comigo te não borbulha no […]